segunda-feira, 26 de março de 2012

A espera


Eu tinha uma paixão
E ela era viver
Mas um dia meu amor se foi
E eu quis deixar de ser

Mas eu era fraca
Não fui capaz de me jogar
Meu corpo permanece
Mas não consigo respirar

O etéreo sentimento
Que não há mais em mim
E tudo o que eu queria
Era encontrar meu fim

Neste terroso leito
Espero em solidão
Até que um dia eu me junte
Ao meu amor nesse caixão

terça-feira, 13 de março de 2012

Aberração

Foto por ZBaranek

Carrego o peso dessa supérflua vida
Arrasto sua abundância em meu rim
Que é que faço para exorcisá-lo de mim?
Essa mísera existência deveria ser banida

O que é a morte se não afago à humanidade?
E o ensejo de afogar-me no perdão!
Ah! Aqui só me resta a esperança de podridão,
Se me resumo aos infortúnios da hereditariedade!

Meu destino se expressa na beleza do abismo
A efemeridade é meu único batismo
Findarei a sensação dessa eterna canseira

Agora, só penso em tranquilidade
Ao me simplificar à minha mínima potencialidade
E dormir eternamente sobre os espinhos da roseira

quarta-feira, 7 de março de 2012

À Deriva

Me encontro à deriva
Sem as falas do teatro
De minha biografia

O que fazer se o ensaio,
Já é a própria vida?

É como nunca viver
Estar apenas uma vez
Na efemeridade do meu ser

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Nômade

Deserto só
Areia amarela
O pó
Da alma singela
Que vaga sem rumo
No fundo do mundo
Me afundo

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A arma

POW!
A arma disparou
E furou
A minha alma
Cadê a calma
Da minha inocência?
Por que só vejo truculência?
E o ruído demente
Do metal quente
Que seguro em minha mão
Ah! E o chão!
Agora, só a firmeza do precipício
É esse o derradeiro início
Fim. 

sábado, 12 de novembro de 2011

Eu vejo o drama

Eu vejo o drama
Da minha existência
Você vê?
A violência
A obsolescência
A inconsciência
A insistência
A inocência
A transparência
A latência
A incongruência
A incompetência
A imprudência
A impotência
A incoerência
A toxicodependência
A truculência
A opulência
A ausência?
Eles veem. 

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Amarelo

Estava olhando pela janela
E muito de repente
Uma árvore cheia de flores amarelas
Se apresentou à minha frente.


Não fazia sentido,
Aquele arvoredo,
Pois exibia o seu vestido
Que era da cor do medo.